Crítica da Nova Série de Serial Killer da Paramount+

Confira nossa análise da estreia de Happy Face, uma série de serial killer diferente na Paramount+.
20/03/2025 às 12:02 | Atualizado há 2 semanas
Review de Happy Face

A nova série da Paramount+, Happy Face, está redefinindo o gênero de dramas criminais “baseados em fatos reais”. Inspirada na história de Melissa G. Moore, seu podcast Happy Face e seu livro de memórias Shattered Silence, a série foca na filha de um serial killer, Keith Hunter Jesperson, explorando o impacto de seus crimes através da perspectiva dela. Com uma abordagem diferenciada, a produção evita o sensacionalismo e busca uma narrativa mais profunda e emocional.

Uma Abordagem Inovadora no Gênero True Crime

Happy Face se destaca por não centrar a trama no assassino em série, mas sim em sua filha, Melissa. A série ficcionaliza a história de Keith Hunter Jesperson, conhecido como “Happy Face Killer”, colocando Melissa no centro da narrativa. Essa escolha criativa oferece uma nova perspectiva, diferenciando-se de outras produções do gênero true crime que frequentemente exploram os crimes de forma gráfica e direta.

Jennifer Cacicio, roteirista e produtora, juntamente com um elenco talentoso, evita que a série se torne exploratória, suavizando potenciais falhas. Essa abordagem cuidadosa permite que Happy Face explore as consequências dos crimes de Keith de uma maneira mais humana e sensível, focando no impacto sobre as vítimas e seus familiares.

Ao optar por não exibir os crimes de Keith Jesperson na tela, Happy Face se distancia das convenções do gênero. Embora detalhes gráficos sejam revelados nos diálogos, a ausência de cenas de violência física é notável e bem-vinda. Essa escolha permite que a série se concentre nas emoções e no processo de cura de Melissa, em vez de chocar o público com representações explícitas de violência.

A estrutura dramática da série se baseia na confissão de Keith sobre um assassinato pelo qual outra pessoa foi condenada. No entanto, o cerne da história reside na jornada de Melissa para fazer as pazes com seu passado. A série se assemelha à docussérie Captive Audience do Hulu, mas em formato de ficção, onde a questão de provar a culpa de Keith é secundária às questões emocionais enfrentadas por Melissa.

O que Happy Face Escolhe Não Mostrar

Para quem busca um drama sobre serial killers, nada supera Mindhunter da Netflix. Happy Face, porém, ganha destaque justamente pelo que não é. Essa escolha pode afastar quem espera um thriller sombrio, mas certamente atrairá aqueles que buscam algo diferente. A série desafia as normas do gênero, e isso a torna ainda melhor. A principal distinção é a decisão de não mostrar os crimes de Keith Jesperson.

A série adota a perspectiva de Melissa, que também é uma das produtoras do projeto. A estrutura dramática gira em torno da confissão de Keith sobre um assassinato pelo qual outro homem foi condenado. Mas a verdadeira história é a jornada de Melissa Reed para encontrar a paz com o passado. É a mesma pegada da docussérie Captive Audience do Hulu, só que em formato de ficção. A dúvida sobre se Melissa conseguirá provar a culpa de Keith é quase menos importante do que as questões que ela enfrenta sobre proteger o marido e os filhos, como ela se vê e como o mundo a trata.

Happy Face dedica tempo para explorar os momentos de Melissa sozinha, processando seus sentimentos e tomando decisões difíceis. Por vezes, os diálogos parecem direcionados diretamente a ela (e, por extensão, ao público), relembrando-a das apostas ou expressando como os outros querem que ela se sinta. No entanto, seguir a trajetória de Melissa amplia a discussão sobre quantas pessoas são afetadas por crimes violentos e como essas pessoas são vistas pela sociedade.

A série não faz pregações, mas oferece reflexões que a maioria dos dramas policiais não proporciona, pois estão muito focados na linha reta entre o crime e a prisão. Happy Face convida o espectador a refletir sobre as ramificações dos atos de um assassino e o impacto duradouro sobre aqueles que o cercam, promovendo uma análise mais profunda e complexa do que as narrativas tradicionais.

Elenco de Happy Face Traz a História Real à Vida

O sucesso de Happy Face depende de um elenco que conquiste o público, e a escalação da série é quase perfeita. Annaleigh Ashford, vencedora do Tony Award e veterana de American Crime Story, interpreta Melissa, equilibrando força e vulnerabilidade emocional. A personagem oscila entre esses dois polos, o que poderia resultar em melodrama e insinceridade. No entanto, Ashford consegue guiar Melissa de um extremo ao outro de forma convincente.

Do outro lado da mesa (literalmente), está Dennis Quaid, um veterano do cinema, como Keith Hunter Jesperson. Quaid tem trabalhado constantemente na televisão na última década, mas Happy Face apresenta sua atuação mais surpreendente na tela pequena. Ele interpreta Keith sem carisma ou traços que permitam ao espectador se conectar com o personagem. Mesmo quando Keith fala sobre seu amor por Melissa ou seu desejo de “fazer as coisas certas”, tudo soa frio e insincero, o que contribui para a narrativa.

A atuação de Quaid impede que o público determine se Keith está dizendo a verdade e impede que entrem em sua mente. Ele não busca a simpatia do público nem intensifica sua atuação para parecer ameaçador. O aspecto mais importante do personagem de Keith é o lembrete constante de que ele é uma pessoa. Melissa Reed (para Ben): “Ele nem sempre foi um monstro. Ele se tornou um. Antes disso, ele era apenas meu pai.”

Os personagens ao redor de Melissa e Keith também são relevantes e bem construídos. James Wolk, que merecia um Emmy por Ordinary Joe da NBC, retorna à TV como Ben, o marido de Melissa. Ben poderia ser apenas “o cônjuge”, existindo apenas para criticar ou confortar Melissa, mas Wolk lhe dá sua própria personalidade e voz. Para que Happy Face transmita sua mensagem sobre família, a família de Melissa precisa ter seu próprio espaço na história. Wolk lidera esse esforço, fazendo a Melissa as perguntas que o espectador faria, sem soar condescendente ou crítico.

Grandes Atores em Papéis Centrais e Coadjuvantes

As boas intenções de Happy Face exigem um elenco no qual o público da Paramount+ esteja disposto a investir, e a escolha do elenco da série é bastante acertada. Annaleigh Ashford, vencedora do Tony Award, que já apareceu em duas temporadas de American Crime Story de Ryan Murphy, incluindo a interpretação de Paula Jones em Impeachment, estrela como Melissa, e ela é extremamente capaz de modular entre força determinada e vulnerabilidade emocional. Melissa vai e volta entre esses dois opostos, o que poderia levar ao melodrama e, por sua vez, à insinceridade. Mas Ashford consegue guiar de forma convincente a personagem de um lado para o outro, lentamente a quebrando ou a reconstruindo, em vez de simplesmente fazê-la cair em lágrimas.

Do outro lado da mesa (literalmente) está Dennis Quaid como Keith Hunter Jesperson. Quaid tem trabalhado mais constantemente na televisão na última década, mas Happy Face é sua atuação mais surpreendente na tela pequena, porque ele é totalmente desprovido de carisma ou qualquer coisa com a qual o espectador possa se conectar. Mesmo quando Keith fala sobre seu amor por Melissa, ou seu autoproclamado desejo de “fazer as coisas certas”, tudo soa frio e insincero – o que realmente ajuda a narrativa. Isso deixa o público constantemente adivinhando se Keith está dizendo a verdade sobre alguma coisa e incapaz de entrar em sua cabeça. Quaid não tenta gerar simpatia ou exagerar em sua atuação para parecer ameaçador. O aspecto mais importante do personagem de Keith é o lembrete constante de que ele é uma pessoa.

Os atores e personagens ao redor de Melissa e Keith são igualmente bons e têm a chance de serem relevantes. É ótimo ver James Wolk, que merecia um Emmy Award por Ordinary Joe da NBC, de volta à TV como Ben, o marido de Melissa. Ben poderia ser apenas “o cônjuge”, existindo apenas para criticar ou confortar Melissa, mas Wolk lhe dá sua própria personalidade e voz. Para que Happy Face faça sua crítica sobre a família, a família de Melissa precisa ter seu próprio lugar na história. Wolk lidera essa acusação enquanto Ben faz a Melissa as perguntas que um espectador gostaria de fazer, sem parecer condescendente ou pouco solidário.

Tamera Tomakili interpreta Ivy, colega de Melissa, mas ocasionalmente é sobrecarregada com diálogos desajeitados para empurrar Melissa em uma direção. No entanto, o público também deve ficar de olho em Damon Gupton, do Criminal Minds, como Elijah, o homem no corredor da morte pelo assassinato que Keith cometeu, e até mesmo no ator de 24, Michael O’Neill, como um promotor de justiça presunçoso. Ver rostos tão familiares faz com que esses papéis se destaquem, não importa quanto tempo de tela eles tenham.

Happy Face Perde Força Longe da História de Melissa

O ponto fraco de Happy Face reside nos momentos em que a narrativa se distancia da perspectiva de Melissa. A trama de Hazel, com colegas de classe esnobes que se dizem fãs de true crime, não é tão envolvente e se apoia em estereótipos. Fica claro que Cacicio e sua equipe de roteiristas estão usando as meninas para comentar sobre a obsessão e glorificação do true crime nos Estados Unidos, mas essa subtrama não se destaca do típico drama adolescente. A busca de Hazel por significado após descobrir sobre Keith espelha a jornada de Melissa para definir sua identidade, mas essa conexão nem sempre é clara.

As cenas focadas apenas em Keith também interrompem o ritmo da série. Happy Face atinge seu auge quando o público acompanha Melissa em sua jornada, vivenciando suas experiências e emoções. Os flashbacks, embora limitados, fornecem contexto adicional para suas reações, permitindo que o espectador processe as informações simultaneamente com ela. No entanto, sempre que Ashford está ausente, a série se aproxima mais de um drama criminal convencional. O uso de músicas populares também se destaca de forma artificial, especialmente porque as escolhas musicais são óbvias. No entanto, ao se concentrar em suas ideias centrais e confiar em seu elenco, Happy Face alcança seu objetivo de fazer com que os espectadores pensem de forma diferente sobre as histórias de true crime. O que pode faltar em drama e violência é compensado por ótimas atuações e uma mensagem significativa.

A série Happy Face está disponível às quintas-feiras no Paramount+.

Este conteúdo foi auxiliado por Inteligência Artificial, mas escrito e revisado por um humano.

Via CBR

Os artigos assinados por nossa Redação, são artigos colaborativos entre redatores, colaboradores e/por nossa inteligência artificial (IA).
Tekimobile Midia LTDA - Todos os direitos reservados