Cientistas descobrem fósseis de mosquitos machos que podem ter se alimentado de sangue em estudo com âmbar libanês.
Os mosquitos fêmeas sempre foram conhecidos por se alimentarem de sangue, enquanto os machos se contentam com néctar e sucos de plantas. No entanto, um estudo publicado na revista Current Biology revela a descoberta de mosquitos machos pré-históricos que possuíam partes bucais adaptadas para perfurar a pele e extrair sangue. Essa descoberta desafia a teoria de que apenas as fêmeas evoluíram para sugar sangue.
Os mosquitos em questão foram encontrados presos em âmbar libanês, uma substância fossilizada que se forma quando pequenos animais ou plantas ficam presos na resina pegajosa das árvores. Dany Azar, paleontólogo do Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanjing (China) e da Universidade Libanesa, coletou essas amostras há cerca de 15 anos, mas não deu muita importância a elas na época. No entanto, ao polir uma das amostras para análise, Azar se surpreendeu ao identificar fósseis de mosquitos machos.
André Nel, ex-orientador de doutorado de Azar, confirmou que os espécimes encontrados são os fósseis mais antigos conhecidos de mosquitos masculinos. Além disso, eles apresentavam órgãos chamados claspers em seus abdomes, que são usados pelos machos para segurar as fêmeas durante o acasalamento. Essa descoberta sugere que esses mosquitos machos pré-históricos realmente se alimentavam de sangue.
A teoria convencional era de que mosquitos e moscas picadoras evoluíram a partir de ancestrais que se alimentavam apenas de plantas, com as fêmeas evoluindo posteriormente para beber sangue quando necessário. No entanto, os resultados deste estudo indicam que a alimentação hematófaga pode ter sido uma característica original dos mosquitos. Com o surgimento das plantas com flores, essa necessidade teria sido suprimida ao longo da evolução desses insetos.
A descoberta é considerada interessante e fascinante, mas também controversa. Além do risco associado à alimentação de sangue, os machos modernos de mosquitos não têm essa necessidade, diferentemente das fêmeas que dependem do sangue para a reprodução. Portanto, ainda há dúvidas sobre se os insetos encontrados no estudo são realmente mosquitos ou se suas partes bucais cerdosas eram usadas para outros fins.
Apesar disso, os cientistas responsáveis pelo estudo acreditam que sua tese audaciosa impulsionará a pesquisa científica. A comunidade científica é composta tanto por conservadores quanto por aqueles que aceitam novas ideias, e se os pesquisadores estiverem errados, outros cientistas irão corrigir o erro ao longo do tempo.