Já imaginou usar seres microscópicos para combater o aquecimento global? Cientistas estão de olho em micróbios que se alimentam de metano, um potente gás de efeito estufa, para ajudar a resfriar o planeta. Esses organismos, que vivem em locais inusitados como o fundo do mar, podem ser a chave para reduzir a concentração de metano na atmosfera e mitigar as mudanças climáticas.
Onde esses micróbios “comedores de metano” são encontrados?
Esses microrganismos são encontrados em diversos ambientes, desde rios e solos até fontes hidrotermais no fundo do mar. Eles também podem ser encontrados até mesmo na casca das árvores. No fundo do oceano, por exemplo, o metano escapa através de fissuras no leito marinho, criando um habitat perfeito para esses micróbios.
Em 2017, a 80 km da costa da Toscana, na Itália, trabalhadores relataram um jato de água suja de 9 metros perto de Montecristo. Após a averiguação, foi descoberto uma série de vulcões de lama, borbulhando metano no mar.
Como esses micróbios ajudam a combater o aquecimento global?
Os micróbios que se alimentam de metano, também chamados de metanotróficos, consomem o gás antes que ele atinja a atmosfera. James Henriksen, microbiologista ambiental da Universidade Estadual do Colorado, afirma que esses organismos consomem muitas vezes a quantidade de metano que os humanos liberam na atmosfera.
Se pudessem ser estimulados a trabalhar ainda mais, esses micróbios poderiam ajudar a resfriar o planeta. Jeffrey Marlow, professor de biologia da Universidade de Boston, explica que alguns micróbios morrem com a mínima exposição ao oxigênio e muitos trabalham em simbiose com outros organismos.
Quais são os desafios para usar esses micróbios em larga escala?
Até o momento, os comedores de metano têm se mostrado difíceis de controlar. Alguns morrem com uma exposição mínima ao oxigênio. Muitos trabalham em simbiose com outros organismos, como uma equipe pequena.
Henriksen, Tierney e Ryon têm feito viagens a alguns dos ambientes mais extremos da Terra, com o objetivo de saber se os micróbios nesses lugares podem ser suficientemente diferentes —ou estranhos o bastante— para ajudar a reduzir os danos que o uso de combustíveis fósseis e a agricultura da era industrial causaram ao planeta.
O que dizem os estudos mais recentes sobre o tema?
Uma cepa encontrada na Sicília foi tão eficiente que 11 litros dessa bactéria poderiam absorver e reter tanto dióxido de carbono quanto uma árvore. Os pesquisadores ainda estão trabalhando para descobrir como cultivá-la e implantá-la em grande escala.
Mary Lidstrom, professora emérita de engenharia química e microbiologia da Universidade de Washington, comenta que muitos devoradores de metano “realmente incríveis” ainda esperam para serem descobertos. A professora ainda completa dizendo que “A natureza sempre nos surpreende”.
Quais são as alternativas para reduzir o metano na atmosfera?
As maneiras mais simples de reduzir o nível de metano na atmosfera não envolvem bactérias, como impedir que o metano seja liberado, consertando vazamentos em tubulações, mantendo resíduos orgânicos fora dos aterros sanitários e mudando os alimentos que as vacas consomem. Atualmente, entretanto, essas soluções de baixa tecnologia não estão sendo usadas de forma ampla o suficiente para reduzir as emissões.
Lidstrom e seus colegas da Universidade de Washington estão trabalhando em um dispositivo que removeria o metano bombeando o ar acima dos locais de emissão através de um tanque cheio de sopa microbiana. De acordo com ela, o desafio é fazer isso na mesma escala da atmosfera. Mover volumes imensos de ar exigiria muita energia. Esta, se for produzida pela queima de combustíveis fósseis, anula parcialmente os benefícios climáticos do empreendimento.
Perguntas Frequentes sobre Micróbios que se Alimentam de Metano
Onde os micróbios que se alimentam de metano são encontrados?
Esses microrganismos podem ser encontrados em diversos ambientes, desde rios e solos até fontes hidrotermais no fundo do mar, e até mesmo na casca das árvores.
Como esses micróbios ajudam a combater o aquecimento global?
Os micróbios que se alimentam de metano consomem o gás antes que ele atinja a atmosfera, reduzindo a concentração desse potente gás de efeito estufa.
Quais são os desafios para usar esses micróbios em larga escala?
Os comedores de metano são difíceis de controlar, alguns morrem com a mínima exposição ao oxigênio e muitos trabalham em simbiose com outros organismos.
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Via Folha de S.Paulo






