EUA focam na corrida pela inteligência artificial em vez de impulsionar a indústria tradicional

Conheça a corrida dos EUA pela inteligência artificial e seus efeitos limitados no mercado industrial e de empregos.
18/10/2025 às 12:04 | Atualizado há 3 semanas
EUA focam na corrida pela inteligência artificial em vez de impulsionar a indústria tradicional

Nos Estados Unidos, a busca por inovação em inteligência artificial (IA) está se intensificando, mas especialistas alertam que essa corrida tecnológica pode não gerar o mesmo impacto econômico e de empregos que um tradicional boom industrial.

Por que a IA é o novo foco de investimento nos EUA?

Tanto a IA quanto o setor industrial têm recebido atenção em Washington, com governos buscando liderar o desenvolvimento de IA e revitalizar a indústria manufatureira americana. O governo Trump, por exemplo, expressou o desejo de liderar o mundo em inteligência artificial, enquanto defendia a revitalização da indústria americana.

Contudo, enquanto a IA tem experimentado um crescimento notável, a indústria tem enfrentado desafios, incluindo uma recessão crescente.

A indústria manufatureira está em declínio?

Dados recentes do Bureau of Labor Statistics indicam uma perda de 38 mil empregos no setor manufatureiro desde o início do ano. Esse declínio ocorre apesar das tentativas de proteger os fabricantes americanos da concorrência estrangeira por meio de tarifas.

Além da perda de empregos, dados do Censo mostram que menos fabricantes estão abrindo novos negócios, e o investimento em fábricas diminuiu cerca de 6% no último ano.

Como o boom da IA impacta o mercado de trabalho?

Especialistas temem que a indústria de IA possa não gerar tantos empregos quanto se espera. Os data centers, que impulsionam a IA, requerem relativamente poucos trabalhadores para operar, levantando preocupações sobre o potencial impacto na criação de empregos.

Stephanie Aliaga, estrategista de mercado global do JPMorgan, destaca que o atual boom de gastos em IA pode criar menos empregos industriais do que as ondas anteriores de construção de infraestrutura.

Tarifas protecionistas realmente ajudam a indústria?

A imposição de tarifas para proteger indústrias como aço e alumínio tem sido uma estratégia controversa. Meagan Martin-Schoenberger, economista sênior da KPMG, argumenta que os empregos criados pela proteção tarifária são frequentemente superados pelas perdas em outros setores.

Empresas como General Motors, Caterpillar e John Deere já reportaram bilhões de dólares em custos relacionados às tarifas, impactando suas margens de lucro.

Onde estão sendo feitos os maiores investimentos?

O investimento em data centers aumentou quase 37% na primeira metade de 2025, enquanto a construção de fábricas caiu cerca de 3% no mesmo período, de acordo com dados do Bureau of Economic Analysis. Esse aumento reflete o crescimento do processamento de dados, serviços em nuvem e IA. Para saber mais sobre data centers, veja esta análise sobre a concentração de data centers nas grandes cidades.

Oliver Allen, economista sênior da Pantheon Macroeconomics, adverte que, se o otimismo em relação à IA no mercado de ações diminuir, poderá haver um impacto negativo no crescimento econômico.

Qual o papel dos investimentos governamentais?

O governo dos EUA tem investido na expansão das instalações de produção de microchips por meio da Lei CHIPS and Science de 2022, alocando dezenas de bilhões de dólares para projetos de manufatura. No entanto, muitas dessas fábricas ainda não estão em operação, o que pode atrasar os benefícios esperados.

Enquanto isso, a Nvidia, empresa intimamente ligada ao boom da IA, firmou uma parceria com a Intel, assumindo uma participação de US$ 5 bilhões. A Intel, por sua vez, demitiu milhares de funcionários para cortar custos e cedeu ao governo dos EUA uma posição acionária.

O que esperar do futuro da IA e da indústria?

Michael Strain, economista do American Enterprise Institute, acredita que a inteligência artificial pode nos enriquecer no futuro, mas, no curto prazo, pode ser uma perda líquida para a produtividade.

Enquanto a IA promete transformar vários setores, há preocupações sobre se as ferramentas de IA atuais estão gerando receita suficiente para justificar o otimismo e os investimentos maciços.

Via Folha de S.Paulo

Apaixonado por tecnologia desde cedo, André Luiz é formado em Eletrônica, mas dedicou os últimos 15 anos a explorar as últimas tendências e inovações em tecnologia. Se tornou um jornalista especialista em smartphones, computadores e no mundo das criptomoedas, já compartilhou seus conhecimentos e insights em vários portais de tecnologia no Brasil e no mundo.
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