No México, a busca por pessoas desaparecidas ganhou um aliado inusitado: a ciência. Em vez de apenas métodos tradicionais, especialistas agora contam com a ajuda de porcos e insetos para encontrar desaparecidos no México. A ideia é usar esses recursos para simular e detectar sinais que indicam a presença de corpos em潜在的valas clandestinas.
Como porcos ajudam a encontrar corpos?
Cientistas do Centro de Pesquisa em Ciências da Informação Geoespacial (CentroGeo) resolveram entender melhor como um corpo em decomposição afeta o solo. Para isso, eles utilizam porcos, devido à similaridade anatômica com humanos. Os animais são vestidos com roupas e enterrados em diferentes condições para replicar cenários encontrados em valas clandestinas.
O objetivo é analisar as mudanças no solo, variações térmicas e outros efeitos que podem ser detectados por equipamentos de geolocalização e leitura de imagens digitais. Essa análise busca responder a uma pergunta crucial: como a luz é refletida nesses locais?
Qual a importância da tecnologia geoespacial nessas buscas?
A tecnologia geoespacial, que usa drones e satélites para coletar e analisar informações, é uma ferramenta valiosa. Em uma fazenda em Jalisco, por exemplo, um drone com câmera térmica detectou uma sutil alteração no solo, revelando uma vala comum que não havia sido encontrada por métodos manuais.
Desde 2023, o CentroGeo tem utilizado essa tecnologia para identificar valas clandestinas. O cientista Juan José Silván explica que a abordagem envolve o uso de ferramentas projetadas para outras funções, adaptadas para a busca de pessoas desaparecidas.
Por que a busca por desaparecidos se intensificou no México?
O problema de desaparecimentos no México cresceu exponencialmente nos últimos anos, especialmente após o início da guerra contra o narcotráfico em 2006. Em 2013, o governo registrava 26 mil pessoas desaparecidas; hoje, esse número saltou para 130 mil.
Nesse período, cerca de 6.000 valas foram encontradas, impulsionando a criação de mais de 300 grupos de busca. O caso dos 43 estudantes de Ayotzinapa, desaparecidos em 2014, foi um ponto de virada, motivando a comunidade científica a buscar soluções inovadoras para auxiliar nas buscas.
Como os insetos podem auxiliar nas investigações?
Além das mudanças no solo e na vegetação – como o surgimento de flores amarelas devido ao fósforo liberado pelos corpos –, os cientistas também observaram o surgimento de um “microecossistema” nos locais de sepultamento dos porcos. Insetos como escaravelhos e moscas podem servir como indicadores da presença de restos mortais.
Esses dados são utilizados pela Comissão de Busca de Pessoas Desaparecidas de Jalisco e de outros estados mexicanos, complementando os métodos tradicionais de busca no terreno. A combinação de diferentes abordagens aumenta as chances de sucesso nas investigações.
Perguntas Frequentes sobre Encontrar desaparecidos no México
Por que usar porcos na busca por desaparecidos?
Porcos possuem similaridades anatômicas e genéticas com humanos, o que os torna ideais para simular a decomposição de um corpo humano no solo e seus efeitos no ambiente.
Qual o papel da tecnologia geoespacial nas buscas?
Drones e satélites equipados com câmeras térmicas e outros sensores podem detectar variações sutis no solo e na vegetação, indicando a possível presença de valas clandestinas.
Como os insetos podem ajudar a encontrar corpos?
A decomposição de corpos altera o ecossistema do solo, atraindo insetos específicos como escaravelhos e moscas, que podem servir como indicadores da presença de restos mortais.
Via Folha de S.Paulo
