A COP30 no Brasil está se aproximando, e com ela, uma mudança notável na postura do setor financeiro em relação às questões climáticas. A edição deste ano, que será realizada em Belém, promete ser diferente das anteriores, com um foco maior na segurança energética e na adaptação às mudanças climáticas, em vez de grandes promessas de emissões líquidas zero.
Por que a COP30 no Brasil terá uma abordagem diferente das edições anteriores?
Após a COP26 em Glasgow, onde vimos executivos de bancos distribuindo cartões de visita feitos de bambu e firmando compromissos ambiciosos, a realidade agora é outra. A maioria das promessas de “emissões líquidas zero” feitas naquela época não se concretizou. A COP30 no Brasil deve ter menos discussões sobre como reduzir as emissões financiadas e mais foco em como atender à crescente demanda por energia.
Essa mudança de prioridade reflete uma preocupação crescente com a segurança energética. Jenn-Hui Tan, diretora de sustentabilidade da Fidelity International, acredita que essa nova motivação pode impulsionar a transição energética de forma mais eficaz do que as preocupações ambientais que a precederam.
Como o investimento em inteligência artificial está influenciando a transição energética?
O investimento massivo das Big Techs em centros de dados para alimentar a inteligência artificial (IA) está injetando mais recursos na energia renovável. Um exemplo disso é o acordo da Microsoft com empresa australiana de data center. No entanto, esses investimentos ainda não são suficientes para proteger as populações dos piores impactos das mudanças climáticas.
Rahul Ghosh, da Moody’s Ratings, aponta que existe uma lacuna significativa entre o investimento anual atual e o nível necessário para mitigar as perdas econômicas causadas por eventos climáticos extremos, como secas e furacões. Embora os investimentos na economia verde estejam aumentando e as ações de energia limpa superem os índices de mercado, o aumento da temperatura global ainda deve ultrapassar 2 °C.
Qual é a nova prioridade da COP30 segundo Bill Gates?
Bill Gates, um defensor de longa data do clima, argumenta que é hora de mudar o foco das negociações climáticas. Em um memorando recente, o cofundador da Microsoft defendeu que a COP30 no Brasil deveria priorizar a adaptação à realidade das mudanças climáticas e melhorar a vida das pessoas.
Gates enfatiza que o aumento do uso de energia é essencial para a prosperidade e que as discussões devem se concentrar em como se adaptar aos efeitos de um planeta mais quente. No entanto, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) aponta que a adaptação climática é uma área perigosamente subfinanciada.
Qual o papel do setor financeiro na COP30?
O setor financeiro reconhece a necessidade de aprender com os erros do passado e adotar uma abordagem mais realista e focada. Daniel Hanna, do Barclays, defende que o setor deve ser mais humilde em relação à complexidade da descarbonização e concentrar seus esforços em áreas onde pode ter um impacto real.
Rhian-Mari Thomas, do Green Finance Institute, acredita que as abordagens tradicionais, como compromissos de longo prazo e grandes iniciativas, estão chegando ao limite. A indústria financeira enfrenta o desafio de alinhar as carteiras de investimento a metas de aquecimento global que parecem cada vez mais inatingíveis.
Quais países são cruciais para o futuro do clima global?
Apesar da ausência de representantes de alto escalão dos Estados Unidos nas negociações principais, Nick Stansbury, da L&G, argumenta que a contribuição dos EUA para as emissões globais não é tão crucial quanto se poderia imaginar. Ele destaca que China, Índia e África Subsaariana serão os principais atores na definição do resultado climático global, pois a descarbonização está em seus interesses de longo prazo.
A maioria dos profissionais financeiros que comparecerão à COP30 no Brasil não participará das negociações em Belém, mas sim de eventos do setor privado em São Paulo. Nathan Fabian, do PRI, observa que a situação nos EUA continua desafiadora, mas expressa satisfação com o que vê na maioria dos outros mercados.
Perguntas Frequentes sobre COP30 no Brasil
Qual será o foco principal da COP30 no Brasil?
A COP30 no Brasil terá um foco maior na segurança energética e na adaptação às mudanças climáticas, em vez de grandes promessas de emissões líquidas zero.
Como o setor financeiro está mudando sua abordagem em relação ao clima?
O setor financeiro está adotando uma postura mais realista e focada, reconhecendo a complexidade da descarbonização e buscando áreas onde pode ter um impacto real.
Quais países são considerados cruciais para o futuro do clima global?
China, Índia e África Subsaariana são considerados os principais atores na definição do resultado climático global, devido aos seus interesses de longo prazo na descarbonização.
Via InvestNews
