A Lua já não é mais um lugar intocado. Ao longo de mais de meio século, os seres humanos têm explorado e deixado suas marcas no satélite natural da Terra. Impressões digitais, equipamentos abandonados, espaçonaves acidentadas, arte e até mesmo fezes estão espalhados pela sua superfície cinzenta e cheia de crateras.
De acordo com cientistas, chegou a hora de reconhecermos esse impacto humano na geografia lunar e declararmos uma nova era: o Antropoceno Lunar. Essa nova época se iniciaria em 1959, com o pouso da nave espacial russa Luna 2.
Assim como na Terra, a ideia é avaliar e catalogar o impacto das atividades humanas na Lua. O objetivo dos pesquisadores é evitar danos significativos e reconhecer a presença humana antes que seja tarde demais.
Os seres humanos têm o talento de se adaptarem e prosperarem em ambientes diversos e estrangeiros. Onde quer que estejamos, conseguimos deixar nossa marca. Quando começamos a explorar o espaço, levamos conosco também nosso lixo. O espaço ao redor da Terra está repleto de detritos abandonados. Da mesma forma, quando exploramos a Lua, deixamos vestígios de nossa presença, como equipamentos extintos, lixo e crateras causadas pelo impacto de espaçonaves.
Os pesquisadores argumentam que os processos culturais estão sobrepondo os processos geológicos naturais na Lua. Isso ocorre especialmente devido à movimentação de sedimentos, conhecidos como regolito. Com as missões espaciais em andamento, a paisagem lunar será completamente diferente em 50 anos.
Além do impacto ambiental, é importante considerar a preservação da história cultural lunar. As pegadas, bandeiras, fotografias e outros artefatos da exploração lunar são parte da nossa herança e representam um marco fundamental da existência humana. No entanto, pouco esforço tem sido feito para preservar essas evidências.
Os pesquisadores enfatizam a importância de se envolverem não apenas cientistas planetários, mas também arqueólogos e antropólogos nesses debates sobre ciência planetária.
Essa pesquisa foi publicada na revista Nature Geoscience e destaca a necessidade de reconhecermos e lidarmos com o impacto humano na Lua. A Lua já não é mais um lugar intocado, e é preciso agir para evitar danos irreversíveis e preservar nossa história espacial.
Fonte: ScienceAlert